sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Livre Arbítrio


A visão mecanicista do mundo prevaleceu durante muito tempo, coroada por êxitos como a Teoria da Gravitação Universal de Isaac Newton. Se você conhecer o estado de um sistema fechado, em tese, você pode prever seu comportamento e em última análise, seu futuro.
Sabemos quantos fatores interferem em nossa vida diária. Não somos nem muito menos fazemos parte de nenhum sistema fechado, portanto poderíamos concluir de imediato a inaplicabilidade deste raciocínio às nossas vidas e o desenrolar destas. No entanto, se considerarmos o Universo como um sistema fechado, o que ele é, por definição, pois “tudo o que é, nele está contido”, então, imaginando o Universo como a mais complexa máquina existente, podemos afirmar que, não importa o quanto pensemos estar exercendo controle sobre o desenrolar dos fatos, sobre as nossas vidas, na realidade, tudo o que acontece é função unicamente do estado anterior de todas as partículas que compõem o Universo e suas inter-relações. Neste caso, onde fica a sua vontade? Resposta: não fica. Mesmo a sua vontade é conseqüência. Da interação entre as partículas que compõem o seu cérebro e os estímulos químicos que a ele chegam a partir dos seus sentidos. O que no final das contas, funciona como uma gigantesca, infinita mesa de bilhar, na qual a única “tacada” foi dada há mais de 10 bilhões de anos num evento denominado Big-Bang.

Tudo isto fazia muito sentido até a entrada em cena a revolução no pensamento decorrente do desenvolvimento da Física Quântica. No cerne desta nova ciência que se propõe a explicar o funcionamento do microcosmo e cuja credibilidade encontra-se tremendamente em alta, em função da assombrosa precisão revelada nos mais variados experimentos, existe o tal do Princípio da Incerteza, desenvolvido por Werner Heisenberg, o qual afirma que quanto maior a precisão com que medirmos a posição de uma partícula, tanto menor será a precisão com que poderemos verificar sua velocidade e direção. Esta afirmação, entre outras características interessantes observadas ao longo de décadas de evolução desta teoria, como a dualidade onda-partícula revelada em experimentos de difração realizados com feixes óticos e de raios catódicos, levou muitos a especularem sobre o real significado da palavra Observador e sobre em que de fato se constitui a realidade.

Será que a realidade somente se manifesta quando exercemos o nosso papel de observador ? Serão mesmo as partículas meras possibilidades, até que, em função da interação do observador, uma das infinitas possibilidades se torne realidade ? Seremos nós então, os observadores conscientes o que de fato determina as mudanças no Universo ? Será este o fator que se sobrepõe ao mecanicismo e a perfeita previsibilidade dos eventos num Universo newtoniano para pôr em cena um Universo imprevisível governado pela interação com observadores, movidos por seu livre-arbítrio ?

Ou será que um número infinito de Universos coexistem que correspondam a todas as possibilidades de todos os eventos de toda a história desde o momento inicial quando a singularidade deu início à tudo até o momento em o último quantum de energia será consumido e toda a atividade cessará definitivamente, registrando o final dos tempos?

Será então o Observador algo real dentro da física? Será a consciência mais do que o trabalho realizado pela sinapse de bilhões de neurônios? Ou apesar deste indícios, o mecanicismo ainda triunfará, talvez sobre outra roupagem no futuro, para provar que tudo já estava escrito desde o início ? O que você prefere : Destino ou Livre Arbítrio?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Reflexões Existenciais


Tudo o que Êle te pede em troca da sua vida é o reconhecimento em cada momento, deste único e verdadeiro milagre.
Somente assim é possível ao ser humano conviver de forma harmoniosa com o mundo e os seres vivos, preservando a Criação da qual todos fazemos parte.
Nunca renegue essas origens, seja ao lidar com as criaturas da Natureza, com as quais compartilhamos mais de um bilhão de anos de história biológica, seja ao lidar com os seus próximos que sobrevivem miseravelmente neste mundo e que são fruto da evolução da mesma sociedade que te agraciou com um lar confortável e seguro.
Dados recentes coletados por uma sonda espacial em Vênus revelaram que aquele planeta e a Terra, assim como já se sabia a respeito de Marte tiveram um passado parecido, com clima ameno, atmosfera e mares. Destes, apenas a Terra preservou condições favoráveis ao surgimento e evolução da vida.
E esta experiência foi marcada por vários eventos cataclísmicos que deram à vida o direcionamento que permitiu estarmos aqui hoje exercendo nossa capacidade de divagar a respeito da nossa origem.
Vida e morte estão intimamente associados, não existindo uma sem a outra. Estrelas tiveram que explodir para que o Universo fosse semeado com elementos pesados como Carbono, essencial para a existência da vida como a conhecemos.
Extinções como a dos dinossauros foram necessárias para permitir o surgimento de seres melhor preparados para enfrentar as mudanças e sobreviver a elas.
A morte permite à Natureza reciclar os elementos químicos necessários à manutenção dos ciclos biológicos. A reprodução possibilita o aprimoramento genético que permite a sobrevivência das espécies através da evolução.
Os seres vivos, assim como as estrelas, cumprem seus papéis durante suas vidas e nada se perde e nada ocorre sem um propósito. Mesmo o acaso está nos planos da Natureza, desde as variações no código genético que serão testadas através da sobrevivência ou não do indivíduo.
Destino e acaso coexistem. Constantes caprichosamente escolhidas determinaram o Universo no qual vivemos, onde a vida se fez possível.
No entanto não é possível prever com precisão o futuro, nem mesmo da menor das partículas pois misteriosamente o mundo do infinitamente pequeno se apresenta como algo muito caótico, totalmente aleatório e a realidade parece se constituir no somatório resultante das infinitas possibilidades.
O ser humano sempre se mostrou profundamente preocupado em compreender o passado e conhecer suas origens, como forma de tentar prever o futuro ou assegurar uma existência feliz e um alívio à permanente angústia que cerca a passagem da vida para a morte.
O Universo e a Natureza estão repletos de eventos destruidores e manifestações violentas; porque acreditar que a vida deve obrigatoriamente ser tranqüila e duradoura? Porque acreditar em uma missão após a morte? A morte não encerra a contribuição em vida de cada ser? Porque crermos que o que aprendemos ou vivenciamos tenha outra finalidade além de ser utilizado “em vida” ? De outro modo, de que serviriam a decrepitude e a senilidade?
Vida é milagre. Viver é a melhor forma de homenagearmos o Criador. Deixar viver e preservar a vida é o propósito mais nobre que a vida pode ter. Portanto, pensar ecologicamente, pensar nas gerações futuras, praticar o bem em prol dos menos favorecidos, construir um futuro melhor para a humanidade e contribuir para a evolução do conhecimento é tudo o que podemos e devemos fazer.
E a hora é agora! Embora saibamos que o Sol durará mais cinco bilhões de anos, não sabemos se a vida sobre a Terra durará mais uma semana. Agora mesmo pode um asteróide estar se aproximando velozmente para dar cabo a tudo aquilo que foi construído com tanto sangue e lágrimas. Cabe refletirmos : somos melhores que os dinossauros ?
Nós chegamos ao mundo nos últimos instantes e estaremos de partida em breve. Neste breve instante no qual tivemos o privilégio de interagir com o mundo, o que fizemos que realmente valeu à pena? O que restará de nós quando partirmos? Durante quanto tempo nossas imagens permanecerão na memória daqueles que nos conheceram? Quanto tempo durarão nossos filmes e fotos? Nossas cartas e anotações? Nossos registros? Em cem anos alguém saberá algo a nosso respeito?
Qual o nosso significado individual? O que representa uma única formiga? Por outro lado, do que é capaz um formigueiro? E a humanidade? Ela não existia há um milhão de anos. Existirá daqui a outro milhão? Qual terá sido sua contribuição para o mundo quando o Homo sapiens desaparecer? Será ele capaz com sua inteligência e engenharia de salvar o mundo de um meteoro, o que os dinossauros, com seus mais cem milhões de anos de hegemonia, não foram capazes? Será este o nosso propósito? Terá sido para isso que cada um de nós “viveu”?
Nós não sabemos porque estamos aqui. Até que ponto nossas atitudes individuais importam? Será que Êle sabe? Será que Êle se importa com cada um de nós? Sim? E aquele frango que comeu no jantar? Êle se importou com o frango? O frango cumpriu seu papel na história do Cosmo? Você está preparado para ocupar o lugar do frango? Ou você é especial demais? O que te faz tão especial? O simples ato involuntário de ser? Você foi o escolhido? Para quê? O que você tem feito de tão importante para a humanidade? Você espera que Ele te mostre o caminho! Mas, qual pode ser o caminho de uma simples formiga, por exemplo? Como o papel dela pode ser especial? Mas formigas não pensam ... apenas agem! E você, apenas pensa?... Não age?!
O nascer é talvez o grande trauma da vida. De nada sabemos ou tememos; no entanto todos entramos em choque e choramos. Com certeza é o ponto alto da Criação. Supera o Big-bang ou o acender de um reator estelar. É o “nosso” início de tudo. Quando adquirimos a nossa “consciência”? À medida que se constroem as nossas sinapses e nossos processos bioquímicos se integram. Porque nossos trilhões de células se entendem como indivíduo?
Será que existe outro tipo de consciência maior? Da qual façamos parte, mas que enquanto “células” não temos plena consciência? Assim como uma célula de um músculo da minha perna não se auto-denomina? Ou será que sim?
Se dentro de nós células nascem e morrem e tudo em nós é constantemente reconstruído, será que nossa essência que transcende às nossas células, também transcende o nosso corpo? De certa forma sim, quando nos reproduzimos!
Vejamos a evolução da vida. No começo não havia reprodução, portanto não havia mutação e conseqüentemente não havia adaptação, o que não assegurava a sobrevivência de qualquer estrutura orgânica.
Depois surgiu o DNA e o processo de reprodução. Mutações passaram a proporcionar adaptações aumentando as chances de sobrevivência.
Mas o desenvolvimento dos novos organismos requeria assistência ou proteção em função do surgimento de novos predadores.
Por fim a necessidade de desenvolvimento de formas inteligentes mais aptas a enfrentar mudança rápidas (como cataclismos) forçou a organização social para dar suporte à longa infância e fragilidade dos indivíduos.
Uma evolução última deste esquema requereu que o aprendizado transcendesse ao indivíduo e seu pequeno grupo resultando em formas avançadas de comunicação : fala, escrita, que conduziram à civilização.
Será que o escrevo é tão parte minha quanto as minhas células? Será que o que escrevoé parte de mim? Será que eu poderia assegurar a minha sobrevivência cinzelando meus pensamentos nas paredes de uma galeria no interior de uma pirâmide?
Será que formas sutis de interação eletromagnética entre meu cérebro, meu corpo e as coisas que me cercam estão a todo instante irradiando o meu ser, a minha consciência, para o resto do Universo?
Será que este eco persistirá quando eu me for? Será que existe alma? A minha vida é como a luz irradiada pela lâmpada alimentada por um dínamo? Quando este cessa seu movimento, a luz se apaga! Mas, para onde foi a luz? Com certeza absorvida por inúmeras interações com a matéria ao redor. Mas, ela guarda em si alguma memória da lâmpada, do dínamo ou de que os construiu? O mundo guarda consciência desta história quando absorve a luz? O Universo possui consciência? Ele sabe o seu propósito? Mas é claro, é óbvio que a vida é um propósito do Universo, como um descendente é um propósito do indivíduo, como um fruto é o propósito de uma árvore! A árvore precisa conhecer o seu propósito? Você conhece o seu propósito? Conhece ou busca conhecer?! Ou tem seus próprios e age em função destes? Mas suas células não conhecem isoladamente o seu propósito! Elas tem os seus próprios, conforme você aprendeu em anatomia...
Você não é capaz de contar a história de uma sequer das suas células, mas sabe o propósito delas. O Universo provavelmente não é capaz de contar a sua história, mas será que ele sabe qual é o seu propósito? Creio que sim.
Você pode ter seus próprios propósitos na vida. Mas você existe para um dado propósito maior e por uma certa razão, que o Universo qual é, embora não esteja particularmente preocupado com você, assim como você não está particularmente preocupado com as suas células.
No entanto você zela pelo seu organismo e conseqüentemente por cada uma de suas células. Mesmo sabendo que elas nascem e morrem, obrigatoriamente você procura se preservar, se cuidar, etc.
Creio que assim é o Universo. O planeta preserva as condições para a nossa existência. Mas furacões, enchentes, terremotos, secas, etc, são mecanismos inerentes ao funcionamento dele. Parte de um equilíbrio delicado que proporciona e deverá continuar durante um certo tempo a proporcionar condições de sustentação à vida. No entanto, mesmo meteoros e cometas são conseqüências da construção de um sistema solar amigável à vida. Se eles eventualmente caem sobre mundos habitados, é para permitir a renovação, assim como as camadas externas da sua pele morrem e caem dando lugar a outras camadas de células novas e você morre para dar lugar a outros indivíduos jovens, saudáveis, com novos questionamentos, que possibilitarão novos conhecimentos, para dar continuidade à evolução da vida, da espécie, da sociedade, do planeta e do Cosmo.

Isto é a Vida !

sábado, 7 de julho de 2007

A Polêmica da Criação

Boa parte desta polêmica se deve à nossa dificuldade em aceitar comparações. Macacos e todas as outras espécies parecem inferiores ao Homo sapiens independente de terem sido bem sucedidas em sua missão de adaptação ao seu respectivo habitat. O desenvolvimento do córtex cerebral e o surgimento da linguagem, creio eu, é que foram determinantes para que o homem rapidamente (na escala evolutiva) se diferenciasse (em comportamento !) tão radicalmente das demais espécies mais próximas, a ponto de julgar ter sido originado à parte. Quanto à questão da criação, creio que mesmo deixando os ensinamentos religiosos de lado, me parece claro que há algo extraordinário por trás deste mecanismo maravilhoso que são as leis que regem este nosso Universo. Não há mais como acreditar que ele é um imenso relógio construído por Deus no qual ele “deu corda” no início dos tempos desencadeando todos os eventos passados e todos os que estão por vir. Teorias mais recentes como a mecânica quântica, estabelecendo o Princípio da Incerteza e a do Caos parecem nos limitar na capacidade de prever as coisas com absoluta certeza. A possibilidade de infinitos universos paralelos e dimensões espaciais adicionais compactadas vislumbrados pela Teoria das Supercordas/Teoria M também tem contribuído para aumentar ainda mais a perplexidade da humanidade perante tamanha elegância e harmonia. Devíamos sim, ao enxergar a grandiosidade da Criação, nos colocarmos no papel central de zeladores deste nosso planeta, já que somos a única espécie que o destrói premeditadamente e começarmos a reparar o mal que fizemos. Aliás, se cultura e tecnologia tem levado em grande parte ao esgotamento e à destruição do nosso próprio habitat, quem é mais evoluído então, nós ou as demais criaturas que nele vivem em harmonia ?