sábado, 19 de janeiro de 2008


Colagem de astrofotos feitas ao longo de mais de dois anos, até dezembro de 2007 com meu telescópio newtoniano de 180 mm e câmeras Celestron NexImage colorida e Meade DSI Pro com régua de filtros IR+RGB.

Marte próximo da máxima aproximação em 2007.


Comparando a variação da posição com relação ao plano da órbita de Saturno após quase 2 anos.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Podem a vida e a consciência estar relacionadas à natureza quântica do Universo ?

tradução de texto extraído do site de Stuart Hameroff - http://www.quantumconsciousness.org/overview.html



Introdução



A consciência define nossa existência e realidade. Porém como o cérebro gera pensamentos e sentimentos ? Muitas explicações retratam o cérebro como um computador, com as células nervosas (neurônios) e suas conexões sinapticas atuando como simples contatos ou bits que interagem em matrizes complexas. Sob esta visão, a consciência é considerada como emergindo como uma nova propriedade das interações complexas entre neurônios, como furacões e chamas de velas emergem das interações complexas entre moléculas de gás e poeira. Esta abordagem no entanto falha ao tentar explicar porque temos sentimentos e vigília (consciência do eu), uma “vida interior”. Logo não sabemos como o cérebro produz consciência.

Também não sabemos se nossas percepções conscientes retratam com precisão o mundo externo ou se todos temos retratos similares do que se passa fora de nossas mentes conscientes. De fato, a natureza fundamental da realidade permanece tão misteriosa quanto o mecanismo de nossas percepções conscientes.

A realidade parece ser descrita por dois tipos de leis. No nosso mundo cotidiano (clássico), a física de Newton e Maxwell prediz com precisão e lógica o comportamento dos objetos e da energia. No entanto, em escalas muito pequenas (aquela dos átomos e das partículas subatômicas), as aparentemente bizarras e paradoxais leis da mecânica quântica reinam. Por exemplo, no mundo quântico partículas podem se mostrar “esquizofrênicas”, ocupando dois ou mais lugares ao mesmo tempo (superposição quântica). Além disso, partículas quânticas separadas por uma grande distância podem estar intimamente conectadas (emaranhamento quântico não-local) e/ou unificadas em entidades comuns (condensados de Bose Einstein).

A despeito da falta de entendimento, estas estranhas propriedades quânticas são empregadas na computação quântica e outras formas de tecnologia da informação quântica (ou seja, criptografia quântica, teleportação quântica) que deverão revolucionar a ciência no futuro.

Computadores quânticos diferem dos computadores convencionais que representam a informação como bits binários de valores 0 OU 1. Nos computadores quânticos a informação pode também ser representada através da superposição quântica simultânea de valores 1 E 0 (quantum bits ou qubits)! Quando em superposição, os qubits interagem/computam com outros qubits através do emaranhamento quântico não-local. Eventualmente cada qubit colapsa da sua esquizofrenia quântica e escolhe ou 1 ou 0, sua forma clássica. Os bits clássicos resultantes dos qubits anteriormente emaranhados são a solução ou resposta da computação quântica. Devido ao fato de que as interações quânticas entre os qubits ocorrem em paralelismo quase infinito, computadores quânticos possuem enormes vantagens potenciais sobre computadores convencionais, pelo menos em certas aplicações.

Mas porque existem estas duas realidades distintas e como se relacionam? A fronteira entre os mundos quântico e clássico não é clara e a transição entre os dois é normalmente descrita como redução de estado quântico, colapso da função de onda ou decoerência. Embora os efeitos quânticos geralmente ocorram em pequena escala não há transição aparente ou corte devido ao tamanho ou escala, não há portanto nenhuma razão específica para que objetos grandes não possam experimentar superposição.

Experimentos quânticos do passado levaram à conclusão de que superposições quânticas persistiriam até serem medidas por um observador consciente, o que colapsaria a função de onda. Isto se tornou conhecido como Interpretação de Copenhague, devido a origem dinamarquesa de Niels Bohr, seu principal proponente. Esta interpretação colocou a consciência fora da física!

Para ilustrar a tolice aparente da idéia, Erwin Schroedinger formulou em 1935 seu famoso experimento mental conhecido como o gato de Schroedinger. Imagine um gato dentro de uma caixa. Fora da caixa, uma superposição quântica (por exemplo, um fóton passando através e não-através de um espelho meio-prateado) é acoplada para liberar um veneno dentro da caixa. De acordo com a Interpretação de Copenhague o veneno teria sido liberado e não-liberado e o gato estaria ao mesmo tempo tanto vivo como morto até que a caixa fosse aberta e o gato observado. Somente a partir deste instante o gato estaria ou morto ou vivo. Schroedinger idealizou este pensamento para mostrar como era ridícula a Interpretação de Copenhague, no entanto, até hoje não uma conclusão definitiva a respeito da redução ou colapso em uma superposição quântica isolada em grande escala (NT : macroscópica).

Experimentos também pareciam demonstrar que quando superposições quânticas reduzem ou colapsam, a escolha particular dos estados clássicos dentre os possíveis estados superposicionados era aleatória. Este presuposto desagradava Einstein: “Deus não joga dados com o Universo”. (A aleatoriedade em computadores quânticos é compensada de modo que os resultados refletem processos quânticos algorítmicos).

Há várias interpretações modernas da redução de estados quânticos ou “colapso da função de onda”.

- Persistindo a Interpretação de Copenhague (medição ou observação consciente colapsa a função de onda) a qual é consistente com as filosofias “positivistas” nas quais a mente constrói a realidade. A visão de Copenhague coloca a consciência fora da física mas não explica a realidade fundamental; meramente explica os resultados dos experimentos.
- A visão de “múltiplos mundos” ou “múltiplas mentes” segue uma sugestão colocada por Hugh Everett de que cada superposição é ampliada, levando à ramificação de um novo universo e observador consciente; em um universo o gato estaria morto e em outro o gato estaria vivo. Não há colapso ou redução, no entanto é necessário um infinito número de realidades (ou mentes conscientes).
- Uma outra interpretação que evita a redução/colapso é a de David Bohm na qual objetos possuem tanto um aspecto partícula quanto um aspecto onda “piloto” (variável oculta não-local ou potencial quântico) que age sobre e guia as partículas. A abordagem de Bohm mostra que um mundo quântico pode existir independentemente da mente humana, oferecendo uma alternativa ‘realista’ à versão ´positivista’ de Copenhague /Bohr. A visão de Bohm porém requer uma outra camada de realidade.
- A teoria da decoerência reconcilia a Interpretação de Copenhague com as superposições quânticas na ausência da medição ou observação consciente. Qualquer interação ou perda de isolamento de uma superposição quântica com um sistema clássico (seja através de calor, interação direta ou troca de informação) irá provocar a decoerência do sistema quântico em estados clássicos. Porém a teoria da decoerência não define o isolamento (nenhum sistema quântico é verdadeiramente isolado das imediações clássicas) nem lida com as superposições que são isoladas.
- Finalmente, várias proposições apresentam um limiar objetivo para redução (objective reduction, OR). O físico e matemático britânico Sir Roger Penrose sugere que cada superposição corresponda a uma bifurcação/separação do universo no seu nível mais fundamental (gravidade quântica ou a geometria fundamental do espaço-tempo na escala de Planck). Isto se assemelha à visão dos múltiplos universos porém, de acordo com Penrose, as separações do universo no seu nível mais fundamental são instáveis e se reduzem espontaneamente (auto-colapso) devido a uma característica objetiva e intrínseca da geometria do espaço-tempo (redução objetiva). Além disso, quanto maior a superposição, mas rapidamente ela se reduz. Por exemplo, um elétron isolado em superposição levaria 10 milhões de anos para sofrer redução objetiva ; um gato pesando 1 kg em superposição se auto-colapsaria em apenas 10 elevado a – 37 segundos. A proposição de Penrose está atualmente sendo testada experimentalmente.

Em seu livro de 1997 “A nova mente do imperador”, Penrose sugere que as escolhas resultantes desta forma de redução objetiva mediada pela gravidade quântica não são aleatórias, mas influenciadas pela informação platônica entranhada na escala de Planck, o nível fundamental do universo. Além disso, este tipo particular de escolha não-aleatória (não-computável) é característica das escolhas feitas pela consciência. Então Penrose propôs que a computação quântica a partir do processo de redução objetiva mediada pela gravidade quântica deve estar ocorrendo no cérebro. Logo o pensamento humano difere de uma forma muito básica da saída dos computadores clássicos. O livro de Penrose foi (apropriadamente) visto como um tapa na cara dos proponentes da inteligência artificial (AI) que clamavam ser capazes de desenvolver computadores conscientes através da simulação de atividades neuronais e sinapticas com silício.

Como qubits no cérebro Penrose sugeriu superposições de neurônios ambos disparando e não disparando. Haveria duas objeções racionais a esta sugestão. Primeira - superposições quânticas são interrompidas por interações com o ambiente (decoerência), requerendo isolamento e baixíssimas temperaturas em situações de laboratório. Como poderiam superposições evitar decoerência por tempo suficiente para realizar funções úteis num cérebro quente e úmido?

Segundo - neurônios e sinapses parecem ser grandes e complexos demais para delicados efeitos quânticos. Organismos simples unicelulares como o Paramécio são aptos a nadar graciosamente, evitar objetos e predadores, aprender e relembrar, encontrar comida e se relacionar e fazer sexo!

Se olharmos dentro dos neurônios, dos Paramécios e de outras células, nós vemos redes altamente ordenadas, (o citoesqueleto) composto de microtubos e outras estruturas filamentosas que organizam as atividades celulares. A entrada sensorial do Paramécio e seu movimento, divisão celular (mitose), crescimento celular, formação de sinapse e todos os aspectos de funções coordenadas são realizados por microtubos, polímeros cilíndricos de uma proteína chamada tubulina organizadas em treliças hexagonais abrangendo a parede do cilindro.

Por vinte anos eu tenho estudado como os microtubos poderiam processar informação, agindo como computadores. Nos anos 80 junto com os colegas Rich Watt, Stevem Rasmussen e outros eu sugeri que as interações cooperativas entre subunidades de tubulina agiriam como autômatos celulares em escala molecular. Nosso trabalho mostrou que o chaveamento das tubulinas dentro dos microtubos de cada neurônio proporcionariam a capacidade de processamento de informação potencial de um cérebro inteiro no nível sináptico. Porém o enorme aumento no processamento da informação clássica não me ajudou a responder as questões enigmáticas da consciência.

No entanto, os microtubos pareciam ser excelentes candidatos para os computadores quânticos que Penrose estava procurando. Conforme os estados da tubulina eram controlados pelas forças quânticas internas (forças de van der Waals London), eles poderiam existir em múltiplos estados de superposição quântica (quantum bits ou qubits) e os microtubos poderiam ser encarados como computadores quânticos envolvidos na organização celular.




O modelo Och OR. A figura mostra um axônio em sinapse com a espinha dendrítica de um dendrito. Dentro do dendrito há um fardo de microtubos mostrado em escala ampliada. Cada tubulina pode existir em dois estados clássicos possíveis (azul, vermelho) ou uma superposição quântica de ambos os estados, formando um qubit de proteína. Os qubits de tubulina interagem/computam através de emaranhamento não-local e reduzem para estados de saída clássicos como solução da computação quântica.

No início dos anos 90 Sir Roger Penrose e eu nos juntamos para desenvolver um modelo de computação quântica nos microtubos cerebrais responsável pela consciência. As computações quânticas são isoladas da decoerência ambiental através de mecanismos evolutivos específicos e reduz para os estados clássicos por intermédio do limiar objetivo de Roger relacionado à gravidade quântica (redução objetiva – OR). Isto liga o processo à geometria fundamental do espaço-tempo – a micro-estrutura do Universo. A computação quântica é “orquestrada” pela realimentação a partir das proteínas associadas aos microtubos, daí denominamos o processo “redução objetiva orquestrada” (Orch OR).

A consciência é então uma seqüência discreta de eventos, que provem de fases alternadas de 1) superposição quântica coerente isolada (na qual os estados quânticos dos microtubos estão isolados por gel de actina), e 2) entradas/saídas clássicas nas quais as informações dos microtubos são comunicadas com partes não-conscientes do cérebro, sistema nervoso e mundo exterior. As fases alternadas correspondem na neuropsicologia do cérebro às conhecidas oscilações gama de 40 Hz nos EEGs (eletroencefalogramas).
Consideramos que nos sentimentos e experiências conscientes através de pan-protopsiquismo filosófico os componentes da experiência consciente são entidades fundamentais irredutíveis encerradas nas escala de Planck da geometria fundamental do espaço-tempo. Nossa proposição é consistente com a filosofia de A . N. Whitehead que propôs que a consciência era uma seqüência de “ocasiões de experiência” ocorrendo em um “campo básico de experiência protoconsciente”.

Logo a escala infinitesimalmente pequena de Planck descrita pela “loop quantum gravity”, teoria das cordas, espuma quântica, etc. é a autêntica Matrix cujas configurações dão à luz a experiência consciente (e tudo o mais).

A maior parte da atividade cerebral é não-consciente; a consciência é a ponta do iceberg. No entanto, nenhuma região específica do cérebro hospeda a consciência. Neurônios podem estar não-conscientes num momento e sustentar atividades conscientes no momento seguinte. A transição, conforme propomos, é Orch OR. Isto implica que atividades pré-conscientes incluindo o subconsciente freudiano e nossos sonhos são manifestações de informação quântica, ou seja, como superposições esquizofrênicas de múltiplas possibilidades. A natureza bizarra do mundo do sonho tem sido descrita (Matte Blanco, 1971) como “onde o paradoxo reina e os opostos se fundem em uma mesma coisa”, também uma descrição adequada do mundo quântico.

Nos vemos então a consciência como um processo auto-organizado no limiar entre o mundo quântico e o mundo clássico e uma conexão entre sistemas biológicos no nível fundamental do universo. Orch OR é consistente não apenas para a neurobiologia e para a física como também para tradições espirituais como o budismo, hinduísmo e a Kabbalah.

A consciência/Orch OR pode ocorrer somente em circunstâncias muito especiais : superposições quânticas devem estar isoladas da decoerência ambiental por tempo suficiente para alcançar o limiar de OR de Penrose. Atividades neuronais no cérebro ocorrem tipicamente na escala de tempo de décimos a centésimos de milisegundos, requerendo superposição isolada de microtubos ocupando dezenas de neurônios. Organismos simples podem ser conscientes, mas requereriam longos períodos de superposição isolada e teriam raros momentos de consciência. Enquanto nós podemos ter 40 momentos conscientes por segundo, um simples verme poderia ter somente um momento consciente por minuto (e com muito menor intensidade que a nossa).

OR pode ocorrer também em situações cosmológicas como gigantescas condensações de Bose Einstein em estrelas de nêutrons. Pela nossa definição, estes eventos OR seriam conscientes, porém não teriam cognição (OR sem Orch). A astrofísica Paola Zizzi sugeriu que o período de inflação durante o Big Bang representaria uma superposição quântica do Universo incipiente que se encerrou por OR. Portanto o Universo no seu nascer teve um momento de consciência cósmica (o Big Wow) – o macrocosmo de nossos microcosmos individuais conscientes.

Eu trabalho como anestesista e rotineiramente apago e restauro a consciência dos meus pacientes. Os gases anestésicos que eu administro passam por seus pulmões, pelo sangue e cérebro onde se alojam em pequenas bolsas dentro de certas proteínas neuronais. As proteínas críticas cujas funções paralisadas causam anestesia/ perda da consciência incluem as tubulinas assim como várias proteínas receptoras das membranas. As pequenas bolsas intra-proteínicas onde agem os anestésicos são regiões “hidrofóbicas”, áreas não polares onde a dinâmica das proteínas é controlada por forças quânticas denominadas forças de van der Waals London. Diferentemente de outros tipos de drogas, os anestésicos agem somente através destas forças de London que são extremamente fracas, aparentemente evitando/prejudicando seu funcionamento normal, cuja coerência coletiva é necessária para a consciência.

A despeito da intensa crítica daqueles partidários dos padrões científicos, computacionais e filosóficos estabelecidos, Orch OR permanece uma teoria viável e talvez o único modelo completo e apto a lidar com os aspectos enigmáticos da consciência e que provê predições que podem ser testadas. Recentes evidências mostraram que algumas formas de processos quânticos envolvendo moléculas orgânicas são intensificadas pelo aumento da temperatura, sugerindo que a decoerência pode não ser um problema significativo.

Muitos vêem a idéia da consciência quântica (e Orch OR em particular) como improvável. Mas eu a vejo como uma “pequena mancha no horizonte”, um paradigma que irá eventualmente dominar nossa visão a respeito do cérebro, da mente e da realidade. É a única abordagem que parece ser capaz de ligar tudo. Além do mais, sua conexão com uma realidade fundamental platônica proporciona uma avenida científica para a espiritualidade.

Estão vida e consciência conectadas no nível fundamental da realidade ?


(tradução da página introdutória do site de Stuart Hameroff -http://www.quantumconsciousness.org/)

Consciência define nossa existência e realidade, porém o mecanismo através do qual nosso cérebro gera pensamentos e sentimentos permanece desconhecido.
Muitas explicações mostram o cérebro como um computador, com as células nervosas (neurônios) e suas conexões sinápticas atuando como simples contatos. No entanto, a computação sozinha não consegue explicar porque temos sentimentos e awareness (consciência, vigília), uma “vida interior”.

Também não sabemos se nossas percepções conscientes retratam com precisão o mundo externo. No nível mais básico, o universo segue as aparetemente bizarras e paradoxais leis da mecânica quântica, com partículas estando em múltiplos lugares simulaneamente, conectadas à distância e com o tempo deixando de existir. O mudo clássico que percebemos porém é definido, com um sentido de fluxo para o tempo. A fronteira ou borda (redução de estado quântico ou colapso da função de onda) entre o mundo quânticos e o clássico de algum modo envolve consciência.

Eu gastei vinte anos estudando como estruturas similares a computadores denominadas microtubos dentro dos neurônios e outras células podem processar informação relacionada à consciência. Porém quando eu li “A nova mente do imperador” escrito por Sir Roger Penrose em 1991 eu me dei conta de que a consciência pode ser um processo específico na fronteira entre os mundos quântico e clássico. Roger e eu nos unimos para desenvolver uma teoria da consciência baseada na computação quântica nos microtubos dentro dos neurônios. O mecanismo de Roger para um limiar objetivo para a redução de estado quântico nos conecta ao nível mais básico e fundamental do universo na escala de Planck e é denominado objective reduction (OR). Nossa sugestão para a realimentação biológica par os estados quânticos nos mictotubos é orquestração (Orch), e por isso nosso modelo é denominado redução objetiva orquestrada ou Orch OR.

Nos últimos anos eu passei a considerar que esta conexão ao nível básico proto-consciente da realidade onde valores platônicos estão plantados é muito similar ao budismo e outras concepções espirituais.

Este site tem a finalidade de agrupar as idéias e implicações em torno da Orch OR.

- Clique aqui para ma visão geral.
- Para uma abordagem mais leiga tente Entrevistas ( ou Imprensa Popular em Mídia). As categorias gerais são :

Pessoal – inclui meu status profissional, uma declaração sobre o meu interesse em consciência, cvitae, informações para contato e uma galeria pessoal de fotos.

Publicações – inclui artigos realcionados à consciência quântica/Orch OR em várias categorias :

1 – Modelo Penrose Hameroff Orch OR
2 – Anestesia e Ocnsciência
3 – Biologia dos microtubos
4 – Debates
5 – Entrevistas
6 – Material antigo

Mídia – inclui palestras, apresentações em Powerpoint, simulações computacionais, artigos da imprensa popular, imagens.

Visões – inclui material relacionado de minha autoria e de outros.

Arquivos sobre Mente Quântica – inclui textos de duas conferências sobre Mente Quântica ocorridos em 1999, em Flagstaff, Arizona, e 1003 em Tucson. . Também inclui arquivos do grupo de discussão por e-mail sobre Mente Quântica datados do período entre junho de 1998 e outubro de 2002.

Computação Final – é um livro completo sobre o assunto : consciência biomolecular e nanotecnologia, publicado por Elseyier-North Holland em 1987. Alguns chamaram-no de minha “ode pré-quântica aos microtubos” (auxiliado por Conrad Schneiker).


sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Livre Arbítrio


A visão mecanicista do mundo prevaleceu durante muito tempo, coroada por êxitos como a Teoria da Gravitação Universal de Isaac Newton. Se você conhecer o estado de um sistema fechado, em tese, você pode prever seu comportamento e em última análise, seu futuro.
Sabemos quantos fatores interferem em nossa vida diária. Não somos nem muito menos fazemos parte de nenhum sistema fechado, portanto poderíamos concluir de imediato a inaplicabilidade deste raciocínio às nossas vidas e o desenrolar destas. No entanto, se considerarmos o Universo como um sistema fechado, o que ele é, por definição, pois “tudo o que é, nele está contido”, então, imaginando o Universo como a mais complexa máquina existente, podemos afirmar que, não importa o quanto pensemos estar exercendo controle sobre o desenrolar dos fatos, sobre as nossas vidas, na realidade, tudo o que acontece é função unicamente do estado anterior de todas as partículas que compõem o Universo e suas inter-relações. Neste caso, onde fica a sua vontade? Resposta: não fica. Mesmo a sua vontade é conseqüência. Da interação entre as partículas que compõem o seu cérebro e os estímulos químicos que a ele chegam a partir dos seus sentidos. O que no final das contas, funciona como uma gigantesca, infinita mesa de bilhar, na qual a única “tacada” foi dada há mais de 10 bilhões de anos num evento denominado Big-Bang.

Tudo isto fazia muito sentido até a entrada em cena a revolução no pensamento decorrente do desenvolvimento da Física Quântica. No cerne desta nova ciência que se propõe a explicar o funcionamento do microcosmo e cuja credibilidade encontra-se tremendamente em alta, em função da assombrosa precisão revelada nos mais variados experimentos, existe o tal do Princípio da Incerteza, desenvolvido por Werner Heisenberg, o qual afirma que quanto maior a precisão com que medirmos a posição de uma partícula, tanto menor será a precisão com que poderemos verificar sua velocidade e direção. Esta afirmação, entre outras características interessantes observadas ao longo de décadas de evolução desta teoria, como a dualidade onda-partícula revelada em experimentos de difração realizados com feixes óticos e de raios catódicos, levou muitos a especularem sobre o real significado da palavra Observador e sobre em que de fato se constitui a realidade.

Será que a realidade somente se manifesta quando exercemos o nosso papel de observador ? Serão mesmo as partículas meras possibilidades, até que, em função da interação do observador, uma das infinitas possibilidades se torne realidade ? Seremos nós então, os observadores conscientes o que de fato determina as mudanças no Universo ? Será este o fator que se sobrepõe ao mecanicismo e a perfeita previsibilidade dos eventos num Universo newtoniano para pôr em cena um Universo imprevisível governado pela interação com observadores, movidos por seu livre-arbítrio ?

Ou será que um número infinito de Universos coexistem que correspondam a todas as possibilidades de todos os eventos de toda a história desde o momento inicial quando a singularidade deu início à tudo até o momento em o último quantum de energia será consumido e toda a atividade cessará definitivamente, registrando o final dos tempos?

Será então o Observador algo real dentro da física? Será a consciência mais do que o trabalho realizado pela sinapse de bilhões de neurônios? Ou apesar deste indícios, o mecanicismo ainda triunfará, talvez sobre outra roupagem no futuro, para provar que tudo já estava escrito desde o início ? O que você prefere : Destino ou Livre Arbítrio?

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Reflexões Existenciais


Tudo o que Êle te pede em troca da sua vida é o reconhecimento em cada momento, deste único e verdadeiro milagre.
Somente assim é possível ao ser humano conviver de forma harmoniosa com o mundo e os seres vivos, preservando a Criação da qual todos fazemos parte.
Nunca renegue essas origens, seja ao lidar com as criaturas da Natureza, com as quais compartilhamos mais de um bilhão de anos de história biológica, seja ao lidar com os seus próximos que sobrevivem miseravelmente neste mundo e que são fruto da evolução da mesma sociedade que te agraciou com um lar confortável e seguro.
Dados recentes coletados por uma sonda espacial em Vênus revelaram que aquele planeta e a Terra, assim como já se sabia a respeito de Marte tiveram um passado parecido, com clima ameno, atmosfera e mares. Destes, apenas a Terra preservou condições favoráveis ao surgimento e evolução da vida.
E esta experiência foi marcada por vários eventos cataclísmicos que deram à vida o direcionamento que permitiu estarmos aqui hoje exercendo nossa capacidade de divagar a respeito da nossa origem.
Vida e morte estão intimamente associados, não existindo uma sem a outra. Estrelas tiveram que explodir para que o Universo fosse semeado com elementos pesados como Carbono, essencial para a existência da vida como a conhecemos.
Extinções como a dos dinossauros foram necessárias para permitir o surgimento de seres melhor preparados para enfrentar as mudanças e sobreviver a elas.
A morte permite à Natureza reciclar os elementos químicos necessários à manutenção dos ciclos biológicos. A reprodução possibilita o aprimoramento genético que permite a sobrevivência das espécies através da evolução.
Os seres vivos, assim como as estrelas, cumprem seus papéis durante suas vidas e nada se perde e nada ocorre sem um propósito. Mesmo o acaso está nos planos da Natureza, desde as variações no código genético que serão testadas através da sobrevivência ou não do indivíduo.
Destino e acaso coexistem. Constantes caprichosamente escolhidas determinaram o Universo no qual vivemos, onde a vida se fez possível.
No entanto não é possível prever com precisão o futuro, nem mesmo da menor das partículas pois misteriosamente o mundo do infinitamente pequeno se apresenta como algo muito caótico, totalmente aleatório e a realidade parece se constituir no somatório resultante das infinitas possibilidades.
O ser humano sempre se mostrou profundamente preocupado em compreender o passado e conhecer suas origens, como forma de tentar prever o futuro ou assegurar uma existência feliz e um alívio à permanente angústia que cerca a passagem da vida para a morte.
O Universo e a Natureza estão repletos de eventos destruidores e manifestações violentas; porque acreditar que a vida deve obrigatoriamente ser tranqüila e duradoura? Porque acreditar em uma missão após a morte? A morte não encerra a contribuição em vida de cada ser? Porque crermos que o que aprendemos ou vivenciamos tenha outra finalidade além de ser utilizado “em vida” ? De outro modo, de que serviriam a decrepitude e a senilidade?
Vida é milagre. Viver é a melhor forma de homenagearmos o Criador. Deixar viver e preservar a vida é o propósito mais nobre que a vida pode ter. Portanto, pensar ecologicamente, pensar nas gerações futuras, praticar o bem em prol dos menos favorecidos, construir um futuro melhor para a humanidade e contribuir para a evolução do conhecimento é tudo o que podemos e devemos fazer.
E a hora é agora! Embora saibamos que o Sol durará mais cinco bilhões de anos, não sabemos se a vida sobre a Terra durará mais uma semana. Agora mesmo pode um asteróide estar se aproximando velozmente para dar cabo a tudo aquilo que foi construído com tanto sangue e lágrimas. Cabe refletirmos : somos melhores que os dinossauros ?
Nós chegamos ao mundo nos últimos instantes e estaremos de partida em breve. Neste breve instante no qual tivemos o privilégio de interagir com o mundo, o que fizemos que realmente valeu à pena? O que restará de nós quando partirmos? Durante quanto tempo nossas imagens permanecerão na memória daqueles que nos conheceram? Quanto tempo durarão nossos filmes e fotos? Nossas cartas e anotações? Nossos registros? Em cem anos alguém saberá algo a nosso respeito?
Qual o nosso significado individual? O que representa uma única formiga? Por outro lado, do que é capaz um formigueiro? E a humanidade? Ela não existia há um milhão de anos. Existirá daqui a outro milhão? Qual terá sido sua contribuição para o mundo quando o Homo sapiens desaparecer? Será ele capaz com sua inteligência e engenharia de salvar o mundo de um meteoro, o que os dinossauros, com seus mais cem milhões de anos de hegemonia, não foram capazes? Será este o nosso propósito? Terá sido para isso que cada um de nós “viveu”?
Nós não sabemos porque estamos aqui. Até que ponto nossas atitudes individuais importam? Será que Êle sabe? Será que Êle se importa com cada um de nós? Sim? E aquele frango que comeu no jantar? Êle se importou com o frango? O frango cumpriu seu papel na história do Cosmo? Você está preparado para ocupar o lugar do frango? Ou você é especial demais? O que te faz tão especial? O simples ato involuntário de ser? Você foi o escolhido? Para quê? O que você tem feito de tão importante para a humanidade? Você espera que Ele te mostre o caminho! Mas, qual pode ser o caminho de uma simples formiga, por exemplo? Como o papel dela pode ser especial? Mas formigas não pensam ... apenas agem! E você, apenas pensa?... Não age?!
O nascer é talvez o grande trauma da vida. De nada sabemos ou tememos; no entanto todos entramos em choque e choramos. Com certeza é o ponto alto da Criação. Supera o Big-bang ou o acender de um reator estelar. É o “nosso” início de tudo. Quando adquirimos a nossa “consciência”? À medida que se constroem as nossas sinapses e nossos processos bioquímicos se integram. Porque nossos trilhões de células se entendem como indivíduo?
Será que existe outro tipo de consciência maior? Da qual façamos parte, mas que enquanto “células” não temos plena consciência? Assim como uma célula de um músculo da minha perna não se auto-denomina? Ou será que sim?
Se dentro de nós células nascem e morrem e tudo em nós é constantemente reconstruído, será que nossa essência que transcende às nossas células, também transcende o nosso corpo? De certa forma sim, quando nos reproduzimos!
Vejamos a evolução da vida. No começo não havia reprodução, portanto não havia mutação e conseqüentemente não havia adaptação, o que não assegurava a sobrevivência de qualquer estrutura orgânica.
Depois surgiu o DNA e o processo de reprodução. Mutações passaram a proporcionar adaptações aumentando as chances de sobrevivência.
Mas o desenvolvimento dos novos organismos requeria assistência ou proteção em função do surgimento de novos predadores.
Por fim a necessidade de desenvolvimento de formas inteligentes mais aptas a enfrentar mudança rápidas (como cataclismos) forçou a organização social para dar suporte à longa infância e fragilidade dos indivíduos.
Uma evolução última deste esquema requereu que o aprendizado transcendesse ao indivíduo e seu pequeno grupo resultando em formas avançadas de comunicação : fala, escrita, que conduziram à civilização.
Será que o escrevo é tão parte minha quanto as minhas células? Será que o que escrevoé parte de mim? Será que eu poderia assegurar a minha sobrevivência cinzelando meus pensamentos nas paredes de uma galeria no interior de uma pirâmide?
Será que formas sutis de interação eletromagnética entre meu cérebro, meu corpo e as coisas que me cercam estão a todo instante irradiando o meu ser, a minha consciência, para o resto do Universo?
Será que este eco persistirá quando eu me for? Será que existe alma? A minha vida é como a luz irradiada pela lâmpada alimentada por um dínamo? Quando este cessa seu movimento, a luz se apaga! Mas, para onde foi a luz? Com certeza absorvida por inúmeras interações com a matéria ao redor. Mas, ela guarda em si alguma memória da lâmpada, do dínamo ou de que os construiu? O mundo guarda consciência desta história quando absorve a luz? O Universo possui consciência? Ele sabe o seu propósito? Mas é claro, é óbvio que a vida é um propósito do Universo, como um descendente é um propósito do indivíduo, como um fruto é o propósito de uma árvore! A árvore precisa conhecer o seu propósito? Você conhece o seu propósito? Conhece ou busca conhecer?! Ou tem seus próprios e age em função destes? Mas suas células não conhecem isoladamente o seu propósito! Elas tem os seus próprios, conforme você aprendeu em anatomia...
Você não é capaz de contar a história de uma sequer das suas células, mas sabe o propósito delas. O Universo provavelmente não é capaz de contar a sua história, mas será que ele sabe qual é o seu propósito? Creio que sim.
Você pode ter seus próprios propósitos na vida. Mas você existe para um dado propósito maior e por uma certa razão, que o Universo qual é, embora não esteja particularmente preocupado com você, assim como você não está particularmente preocupado com as suas células.
No entanto você zela pelo seu organismo e conseqüentemente por cada uma de suas células. Mesmo sabendo que elas nascem e morrem, obrigatoriamente você procura se preservar, se cuidar, etc.
Creio que assim é o Universo. O planeta preserva as condições para a nossa existência. Mas furacões, enchentes, terremotos, secas, etc, são mecanismos inerentes ao funcionamento dele. Parte de um equilíbrio delicado que proporciona e deverá continuar durante um certo tempo a proporcionar condições de sustentação à vida. No entanto, mesmo meteoros e cometas são conseqüências da construção de um sistema solar amigável à vida. Se eles eventualmente caem sobre mundos habitados, é para permitir a renovação, assim como as camadas externas da sua pele morrem e caem dando lugar a outras camadas de células novas e você morre para dar lugar a outros indivíduos jovens, saudáveis, com novos questionamentos, que possibilitarão novos conhecimentos, para dar continuidade à evolução da vida, da espécie, da sociedade, do planeta e do Cosmo.

Isto é a Vida !

sábado, 7 de julho de 2007

A Polêmica da Criação

Boa parte desta polêmica se deve à nossa dificuldade em aceitar comparações. Macacos e todas as outras espécies parecem inferiores ao Homo sapiens independente de terem sido bem sucedidas em sua missão de adaptação ao seu respectivo habitat. O desenvolvimento do córtex cerebral e o surgimento da linguagem, creio eu, é que foram determinantes para que o homem rapidamente (na escala evolutiva) se diferenciasse (em comportamento !) tão radicalmente das demais espécies mais próximas, a ponto de julgar ter sido originado à parte. Quanto à questão da criação, creio que mesmo deixando os ensinamentos religiosos de lado, me parece claro que há algo extraordinário por trás deste mecanismo maravilhoso que são as leis que regem este nosso Universo. Não há mais como acreditar que ele é um imenso relógio construído por Deus no qual ele “deu corda” no início dos tempos desencadeando todos os eventos passados e todos os que estão por vir. Teorias mais recentes como a mecânica quântica, estabelecendo o Princípio da Incerteza e a do Caos parecem nos limitar na capacidade de prever as coisas com absoluta certeza. A possibilidade de infinitos universos paralelos e dimensões espaciais adicionais compactadas vislumbrados pela Teoria das Supercordas/Teoria M também tem contribuído para aumentar ainda mais a perplexidade da humanidade perante tamanha elegância e harmonia. Devíamos sim, ao enxergar a grandiosidade da Criação, nos colocarmos no papel central de zeladores deste nosso planeta, já que somos a única espécie que o destrói premeditadamente e começarmos a reparar o mal que fizemos. Aliás, se cultura e tecnologia tem levado em grande parte ao esgotamento e à destruição do nosso próprio habitat, quem é mais evoluído então, nós ou as demais criaturas que nele vivem em harmonia ?